13 abr • 2015

Chapada Diamantina – roteiros de encantos e doçuras

Aaaaah! Como não suspirar ao falar da Chapada Diamantina, terra de meus ancestrais, terra de painho e mainha, terra de riquezas, de cultura, histórias, diamantes, grutas, cachoeiras e de uma gastronomia ímpar. Da minha infância, adolescência…das descobertas, dos encontros e reencontros.

Uma região de serras, protegidas pelo Parque Nacional da Chapada Diamantina onde nascem os rios das bacias Paraguaçu, do Jacuípe e do Rio de Contas. Localizado no centro do estado da Bahia, não mais encontramos os diamantes brutos brotarem nos quintais de casa, o garimpo já não se faz presente, apenas suas marcas; as riquezas são outras: a diversidade da fauna e da flora, as águas cristalinas e também geladas que curam não só ressaca, mas também feridas na alma, a energia que aquele lugar carrega e emana, e claro a culinária com iguarias locais, como a palma, umbu, umbu-cajá, buriti, e o delicioso godó de banana verde. Um roteiro certo para quem busca contato direto com a natureza, paz, tranquilidade e/ou muita aventura.

[Rua de Lençóis]

[Rua de Lençóis]

As minhas idas a terra-mãe não são mais frequentes, mas todas as vezes que levo amigos para apresentar minhas raízes e que não conhecem a região é um motivo de alegria, é um novo aprendizado, uma nova lição essas terras me ensinam. E foi exatamente o que aconteceu nessa minha última visita, não só ver a alegria nos olhos dos meu amigos, mas também, aprendi muitas outras coisas sobre mim mesma, coisas que eu tinha esquecido que era capaz, coisas que nem sabia que poderia fazer. Coisas boas que a magia do Universo nos envia e que nem damos importância quando estamos atribulados com o dia-a-dia.

Saímos de Salvador em torno das 4:00 da manhã, sexta (03/04) e após 5h30min de chão chegamos sãos e salvos em Lençóis, cidadezinha que iniciamos o nosso roteiro – cidade super fofa e muito bem cuidadinha para receber turistas do mundo inteiro. Após um café da manhã reforçado e caprichado numa pousadinha simples, mas bem aconchegante trilhamos os caminhos das aventuras.

[Ribeirão do Meio - aqui podemos escorregar, tipo esquibunda...super divertido]

[Ribeirão do Meio – aqui podemos escorregar, tipo esquibunda…super divertido]

– dia 01 –

O dia começou primeiro pelo Ribeirão do Meio, 40 minutos de caminhada, numa trilha leve, mas pra quem tá fora de forma é bom manter um ritmo mais devagarzinho. Ao chegar na cachoeira e no local ideal de banho, nos refrescamos e nos divertimos bastante, apesar de ter chovido quinze dias antes por causa de uma seca inesperada e do calor que fazia na região, não estava tããão cheio de água, mas tinha o suficiente pra garantir uma linda e agradável visita.

[Foto antiga do Serrano, porque dessa vez estava tão seco que nem tirei foto. Dá pra ver a cidade]

[Foto antiga do Serrano, porque dessa vez estava tão seco que nem tirei foto. Dá pra ver a cidade]

Depois de uns tchibuns, partimos direto para o Serrano uma trilha rapidinha que começa ao lado do Hotel Portal de Lençóis, estava bem seco, conseguimos aproveitar só um pouco. Garantimos um banho para refrescar, porque o calor estava de rachar (em torno de 35º e 38º). Após trilhas, banhos refrescantes resolvemos passear pela cidade, parar para tomar aquela cervejinha, petiscar e claro adoçar o dia com algumas sobremesas.

[Restaurante Doce Vida, com mesinhas ao ar livre, na rua mesmo, tem uma decor romântica e bucólica]

[Restaurante Doce Vida, com mesinhas ao ar livre, na rua mesmo, tem uma decor romântica e bucólica]

[Brownie com Sorvete de Canela]

[Brownie com Sorvete de Canela]

Resolvemos jantar por lá mesmo nesse dia, num restauratezinho que sinceramente eu só gostei do Carbonara e da sobremesa, o Restaurante Doce Vida tem este Brownie com Nozes acompanhado de uma bola de Sorvete de Canela e Calda quentinha de Chocolate que é beeem gostoso. Do brownie ao sorvete, passando pela calda – tudo feito na casa. Para encerrar, a dois passos do restaurante uma cafeteria super fofa e super cult – Cafeteria São Benedito. Com cafés para todos os gostos e sobremesas deliciosas, como a Cheesecake de Morangos, com geleia caseira e morangos orgânicos plantados no quintal de casa. Seguimos para a casa da minha família em Palmeiras para descansar e nos preparar para o dia seguinte.

[a Cafeteria Benedito é super linda, meio cult, mas com uma energia incrpivel. Muito aconchegante. Virei freguesa]

[a Cafeteria Benedito é super linda, meio cult, mas com uma energia incrpivel. Muito aconchegante. Virei freguesa]

[Café Benedito: espresso, chocolate, canela, leite cremoso e chantilly. Uma sobremesa de beber]

[Café Benedito: espresso, chocolate, canela, leite cremoso e chantilly. Uma sobremesa de beber]

[Nessa cafeteria também tem docinhos e sobremesas deliciosas, como Pudim de Cupuaçu que estava em falta, mas a Cheesecake de Morango deliciosa, compensou.]

[Nessa cafeteria também tem docinhos e sobremesas deliciosas, como Pudim de Cupuaçu que estava em falta, mas a Cheesecake de Morango deliciosa, compensou.]

[Affogato - espresso com sorvete de creme muito gostoso]

[Affogato – espresso com sorvete de creme muito gostoso]

– dia 02 –

O segundo dia começou bem cedo e já com o pé na feira de Palmeiras, onde encontro os melhores temperinhos (açafrão, cominho, pimenta do reino….), garantir o melhor pão da minha vida, um pão denso pesado, mas com interior macio e cheiroso (lá na Padaria de Edson!) e também poder trazer para capital o avoador e os Doces de D. Afra, hoje sob de responsabilidade de sua filha, Janete. Doces de todos os tipos e para todos os gostos: buriti, doce de leite, chocolate com licuri, ambrosia, doce de leite cremoso, bananada, umbu, jabuticaba… e por aí vai..

[Doces D' Afra - tradição de geração em geração, adoçando a alma e alegrando o coração]

[Doces D’ Afra – tradição de geração em geração, adoçando a alma e alegrando o coração]

[Doce de Leite de Corte - maravilhoso, sabor de infância. Uma doce saudade]

[Doce de Leite de Corte – maravilhoso, sabor de infância. Uma doce saudade]

Garantido os quitutes para trazer para casa, partimos para o Capão, vilarejo do município de Palmeiras onde tem a Cachoeira Conceição dos Gatos, Cachoeira da Fumaça, Cachoeira da Angélica e Purificação, Riachinho, Rio Preto… e outras delícias da natureza. Como o tempo era curto, deixei pros meus queridos decidirem o que queriam e eles optaram pela famosa Cachoeira da Fumaça, uma caminha de 2 horas que embaixo do sol das 13:00 parecia um percurso de 5 horas, bom ..subimos e foi nessa subida que entendi os motivos da minha volta à região. Ali, entendi muita coisa que estava passando em minha, nessas duas horas eu quis desistir com todas as minhas forças, mas continuem andando, um passo de cada vez.

[Aos pés da Cachoeira da Fumaça, chocolate artesanal para dar energia subindo e repor quando desce]

[Aos pés da Cachoeira da Fumaça, chocolate artesanal para dar energia subindo e repor quando desce]

[Avisos aos peregrinos]

[Avisos aos peregrinos]

Não vou mentir, caros amigos-leitores, que apesar de não ser minha primeira vez nessa trilha, apesar de ter toda consciência do quanto ela exige do corpo e da mente, achei que dessa vez eu não conseguiria. Acima do peso, psicológico fraco, triste com algumas coisa, chateadas com outra, atitudes controversas, decisões incertas…sabe quando você passa por uma bad vibe?! Eu estava assim antes dessa trilha e achava que nada daria certo pra mim, mas precisei subir 6km, metade disso numa inclinação sacana e embaixo do sol e da secura que não tem quem aguente para ter a provação, para encontrar as respostas internas… Bom, depois do sofrimento a alegria né meu povo?! Enganam-se, a cachoeira estava seca, nem uma gotinha pra fazer aquele efeitinho de fumaça… então 20 minutos após eu chegar na boca, resolvemos descer (mais 2 horas) todos juntos e unidos, enfrentando até cobra (rsrsrsrs)…

[Foto do meu acervo de 2012. Justamente porque desta última vez estava seca e não tirei foto, então para ilustrar como ela é quando está com água. Cachoeira da Fumaça]

[Foto do meu acervo de 2012. Justamente porque desta última vez estava seca e não tirei foto, então para ilustrar como ela é quando está com água. Cachoeira da Fumaça]

E partimos para a vila, descansar os pés nas havaianas limpinha e macia e claro encher a pança na famosa Pizza do Capão, o Pastel de Palmito de Jaca, um suquinho gelado adoçado com mel, uma tortinha vegan da alimentação viva*, o geladinho por R$ 0,50 (delicioso e barato)….

[Pôr do Sol descendo a Cachoeira da Fumaça]

[Pôr do Sol descendo a Cachoeira da Fumaça – no centro Morrão]

[Pizza da Pizzaria Capão Grande - massa integral, recheio de palma, cenoura, tomate - orgânicos. Desde 1992 matando a fome da galera que desce a Fumaça]

[Pizza da Pizzaria Capão Grande – massa integral, recheio de palma, cenoura, tomate – orgânicos. Desde 1992 matando a fome da galera que desce a Fumaça]

[Geladinhos, sobremesas, picolés, sorvetes, bolo de cenoura com chocolate...]

[Geladinhos, sobremesas, picolés, sorvetes, bolo de cenoura com chocolate…]

[Torta de Manga, Maçã e Abacaxi in natura - Alimentação Viva]

[Torta de Manga, Maçã e Abacaxi in natura – Alimentação Viva – o guardanapo é uma folha de bananeira]

(*alimentação viva – são os pratos, alimentos que não vão ao forno e nem ao fogo, resumidamente)

– dia 03 –

Último dia, dia de arrumar as coisas e pegar a estrada, mas que dava pra dar um pulinho na Gruta da Lapa Doce e na Pratinha, lá em Iraquara, em torno de 40 minutos de Palmeiras (de carro, claro!). Essa região não é rica por causa do diamante, seu tesouro é outro: as mais de 260 grutas e cavernas já conhecidas e as que ainda não foram descobertas. Cada uma mais encantadora que outra.

[Estalactites e Estalagmite - Gruta Lapa Doce]

[Estalactites e Estalagmite – Gruta Lapa Doce]

A Gruta da Lapa Doce e muitos outros passeios (Morro do Pai Inácio, Gruta Bolo de Noiva, Pratinha…) normalmente se encontram em terrenos particulares e que cobram ou pela visita ou pelo passeio, gente – vamos ser racionais, se não fossem por essas propriedades era bem capaz de hoje não ter mais essas belezas naturais, porque com toda certeza o homem e sua ação impactante no meio afetaria de tal forma que nada mais existiria ou se existisse estaria poluído e destruído. Então, eu pago sim sem medo porque dessa forma eles controlam a quantidade de pessoas, treinam os guias e fazem a manutenção necessário de reflorestamento e o que for necessário para manter vivo cada pedacinho da Chapada Diamantina.

[Pratinha - cenário de filmes e novelas]

[Pratinha – cenário de filmes e novelas]

Após uma hora dentro da gruta com estalactites e estalagmites, conhecendo e apreciando as formações e sendo muito bem guiados por um dos guias mais antigos da região, partimos para curtir e apreciar as águas cristalinas e geladas da Pratinha com seu famoso bolinho de queijo e o suco de umbu-cajá maravilhoso.

[Banho gelado, mas revigorante]

[Banho gelado, mas revigorante]

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A viagem apesar de ter tido um tempo curto e distâncias enormes, foi incrível e revigorante. Divertida e alegre, na companhia de amigos queridos, do namorado e do encontro com pessoas de alto astral, já estou contando os dias para a próxima viagem levando outros amigos e guiando novas aventuras. Pronta para saborear e conhecer novos restaurantes, novos pratos e matar a saudade dos lugares e dos temperos com gostinho de casa.

A Chapada Diamantina é muito extensa, em três dias não dá pra conhecer tudo, mas dá pra ter uma noção do que se pode aproveitar, a dica é: vá com tempo e sem mi mi mi ..relaxe e curta o que vier, porque com certeza vai ser muito legal tudo que acontecer, lá só acontece coisas boas, pra quem planta o bem. Ah! E respeite a natureza, os espaços, deixe apenas as marcas dos pés e só traga fotografias e saudades.

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