21 jan • 2015

Doce Leitura: Sopa de Romã

A dica hoje para uma leitura doce, leve e muito saborosa é o livro: ‘SOPA DE ROMÃ’; da autora Marsha Mehran, que segundo o jornal ‘Orlando Sentinel’ é “Um romance de dar água na boca, na tradição de Chocolate e Sob o sol de Toscana.”

Pra quem leu e/ou assistiu Chocolate e Sob o sol de Toscana e gostou da linha narrativa dessas histórias, de fato vai se encantar com Sopa de Romã, que nos conta a história de vida e superação de três irmãs iranianas que com aromas e sabores exóticos transformam a rotina de um vilarejo irlandês.

“Na cozinha de uma antiga pâtisserie no pequeno e protegido vilarejo irlandês de Ballinacroagh, as belas e exóticas irmãs iranianas Aminpour criam um oásis Persa. Em pouco tempo, os sensuais aromas de cardamomo, canela e açafrão invadem as ruas. Para os habitantes do vilarejo – que, até então, sobreviviam à base de couve cozida e cerveja servidas pela taberna local – este é um exótico prenúncio do Café Babilônia. […]

Mas a vida idílica das irmãs, que há sete anos fugiram da revolução em seu país, em breve é interrompida quando o passado vem ameaçá-las, e as sombras qye elas deixaram para trás sangram no presente”

(Síntese do livro)

A cada capítulo do livro uma receita é compartilhada, como um instrumento de ajuda para que os sentimentos e lembranças de cada personagem que saboreia os temperos das irmãs Aminpour sejam revelados. O poder da comida contribui para a mudança de cada um, permitindo que segure as rédeas de sua vida e tome atitudes positivas. A cada página a autora descreve em detalhes cada prato, receitas que nos leva a descobertas inimagináveis de como nossa imaginação nos permite sentir cheiros, cores, sabores e texturas.

“Com suas receitas, Marjan era capaz de encorajar as pessoas a realizações que elas antes achavam impossíveis; era só provarem de sua comida e começavam, não só a sonhar, mas agir.”

E em muitas passagens do livro pude perceber que as situações da vida e até as próprias pessoas são como o alimento, são como a massa do pão Lavash que “…se lhe dessem um pouco de tempo e calor, um ambiente reconfortante, qualquer coisa era possível.” Com tempo e calor – seja em forma de amor, motivação, fé – e um espaço que nos permita estar em paz, podemos alcançar e tornar a nossa vida possível.

“É a romã que dá ao fesenjoon sua capacidade de cura. A romã, o fruto proibido original, fruto do Éden há muito desaparecido, se refugia numa concha encouraçada e vermelha, que na antiga Roma era usada como uma pele protetora. Depois que se tira a pele protetora da romã, no entanto, uma suculenta granada se revela a quem vai ter a sorte de comê-la, estourando na boca como o orgasmo fino do amor.”

[Fesenjoon - Foto: thesaffrontales.com]

[Fesenjoon – Foto: thesaffrontales.com]

“Diferentes dos clássicos gregos, para quem a fruta simbolizava o ciclo inescapável da amarga morte, com a arrependida Penélope voltando ao inferno por seis meses de inverno, Marjan gostava de acreditar nas velhas histórias dos profetas persas, que tinham uma visão diferente da missão da fruta azeda na terra. Ela gostava de se lembrar que , acima de tudo, acima de todas as conotações de morte e inverno, a romã era e sempre seria a fruta da esperança.

A flor da fertilidade, de novas coisas por vir, velhas estações a serem lembradas.”

“…algumas das melhores receitas são as não escritas, aquelas que acontecem quando você se serve de um vino shiraz generoso, põe um disco calmante de Billie Holliday e deixa que os bons ingredientes te guiem, porque, gostando ou não, a vida continua, com ou sem você, sempre florindo no quintal de alguém, dando sabor a outra panela de sopa de romã.”

“As milhares de sementinhas que poderiam ser a flor de um recomeço.”

[O travesseiro do Arabesque Empório, se assemelha em sabor, textura e aparência a uma Baklava]

[O travesseiro do Arabesque Empório, se assemelha em sabor, textura e aparência a uma Baklava]

De uma simples receita caseira de chá para enxaqueca, passando pelas baklavas, refresco de iogurte dugh, lavash, orelhas de elefante , abgusht, torshí, um total de de 13 receitas que nos levam a viajar em busca de recomeços, do seguir em frente entre quedas e tropeços, como a vida é.

Livro: Sopa de Romã (2006)

Autora: Marsha Mehran

Editora: Jaboticaba

Para acompanhar a leitura: Ninho de Damasco, Mahmoul*, Travesseiro (quase uma Baklava) e Ninho de Castanhas – Arabesque Empório Árabe, na Rua Marechal Andrea, 68, Pituba. Os docinhos variam entre R$ 2,50 e R$ 2,90. (vou dedicar um post aqui especial para esse cantinho cheio de mistérios e especiarias)

[Doces Típicos]

[Doces Típicos, deliciosos – levemente doces]

Estes são doces típicos árabes, não que sejam diretamente ligados ao livro, mas que tem um toque especial, aaah isso tem!

[Mahmoul]

[Mahmoul]

*Mahmoul é um docinho árabe a base de semolina, leite e manteiga. Nesse caso o recheio é de nozes, mas podemos encontrar com tâmaras, castanhas e água de flor de laranjeira. De todos, o Mahmoul e Baklava são uns dos meus doces favoritos.

Comentários