08 maio • 2018

Lembranças com doçura e muito afeto: Doces da Baiana, tabuleiro da felicidade

“No tabuleiro da Baiana tem…
Vatapá, Caruru, Mungunzá tem Ungú pra ioiô…
Se eu pedir você me dá…o seu coração,seu amor de iaiá… “.

Pelas nossas andanças em busca das doçuras memoráveis que nos fazem suspirar por um passado açucarado e cheio de saudades, a Gabi do @RepórterGourmet descobriu que no Tabuleiro da Baiana tem afeto em forma de doçura que faz parte da nossa história e cultura, e que até hoje faz parte do dia a dia dos baianos. 

Nos versos de Dorival Caymmi iniciamos a história da Katita, a baiana de acarajé mais antiga de Arembepe. Há 34 anos ela prepara seus quitutes no vilarejo de pescadores, que fica a aproximadamente 30 quilômetros de Salvador. Além do acarajé, abará e passarinha, o local atrai fregueses também pelos doces, que chamam a atenção de longe.

Tudo começou quando ela tinha 13 anos. A mãe, também baiana de acarajé, a colocou para ajudar e foi aqui que aprendeu o ofício. Hoje seus quitutes são conhecidos por toda Estrada do Coco.

E além das preparações salgadas, como acarajé, abará e passarinha, a Katita aprendeu também com sua mãe a fazer os doces, que trazem a felicidade para seu tabuleiro e despertam as memória afetivas de muitas pessoas e por isso elas fazem parte da nossa série “Doces e sobremesas afetivas” (clique aqui saiba mais).

Cocada sempre uma doçura afetiva.

Começando com as Cocadas. Sejam elas de amendoim, queimada ou branca, elas têm seu público cativo, além de conquistarem muito o paladar dos turistas. Mas no tabuleiro da Katita há outras opções, como o Doce de Tamarindo – um “azedinho-doce gostoso” que vira sobremesa após a um acarajé duplo. A Baiana revela que a fruta do doce é comprada na Feira de São Joaquim e que todas as suas preparações são artesanais, além de prezar por usar ingredientes frescos.

O copinho de café é vendido por R$1,50 e cocada por R$4

Outra doçura, que faz parte do tabuleiro da baiana, é conhecida por dois nomes. O primeiro, segundo o antropólogo Raul Lody, é por ele ser frito no final da tarde, hora que os estudantes passava, ao sair dos colégios, pelas esquinas, onde estão arrumados os tabuleiros. Por isso ganhou o nome de “Bolinho de estudante”.

Bolinho de Estudante – fresquinho e quentinho é igual a abraço com carinho.

O segundo apelido do quitute foi parar até na leitura de Jorge Amado, sendo a maneira como ele o chamava: Punheta. Mas a origem de punheta ou mesmo punhetinha se deu pelo seu modo de preparo, pois os movimentos do doce são “feito a punho”.

“Como é mesmo tia Romélia? E tu não sabes menina? Olha que tu sabes muito bem, o nome é punheta, bolinho de estudante é pronúncia de besta!”, trecho do livro O Sumiço da Santa, escrito pelo autor baiano.

Katita, diz que o doce é fácil de fazer, não tem segredo pois leva apenas tapioca, coco, açúcar e canela. Apenas, mas diz que o segredo é fazer artesanalmente o leite de coco. “Nada de usar aqueles prontos. Não é a mesma coisa”, afirma a baiana. E a dica é sempre comê-lo quentinho. É muito mais gostoso.

Katita vende a unidade por R$3,50.

RECEITA

500g de tapioca de caroço, 2 cocos grandes, 1 colher de chá de sal, 1 xícara de açúcar, 4 copos de água morna, óleo para a fritura , 1 xícara de açúcar e 1 colher de sopa de canela em pó para envolvê-los.

Preparo

Descasque os cocos e bata no liquidificador com a água morna, até que fiquem bem moídos, despeje numa tigela, tempere com açúcar e sal. Acrescente a tapioca e deixe inchar até que fique macia e consistente. Enrole em formato semelhante ao de um croquete. Frite no óleo, até que fiquem levemente dourados. Escorra em papel absorvente, e passe-os no açúcar e canela.

Quer reviver as Lembranças com doçuras e muito afeto que encontramos nas Padarias e Confeitarias antigas da cidade? É só conferir nossa primeira publicação. Mas, também pode acompanhar pelo Instagram da Gabi em seu perfil oficial @RepórterGourmet

*valores referente a Maio/2018

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