04 maio • 2018

Lembranças com doçura e muito afeto: Padarias e Confeitarias antigas

Na primeira parte dessa pauta, em parceria com a Gabi do @ReporterGourmet (conheça aqui como começou) regada à reencontros memoráveis afetivos: caminhei pelo Centro de Salvador, entre Padarias e Confeitarias antigas, e claro, pelas ruas de minha cidade que ainda contam muitas histórias. Me lembrei de parte da minha infância e a saudade bateu…

Assim como o pãozinho e o Bolo da Índia, as Broas de Milho da Padaria Favorita são de fato uma memória doce e emocionante: a carinha do meu pai quando reencontrou essas belezuras: não tem preço! Vi em seus olhos, a sua infância.

Localizada na rua Forte de São Pedro, desde 1952, a Padaria Favorita, é conhecida pelo pãozinho francês, suas Broas de Milho sempre fresquinhas e o Bolo da Índia, que desde que me entendo por gente, só encontro lá. Feito com especiarias na massa, e um creme especial feito na casa e que Seu Fernando – gerente há tanto tempo que ele nem lembra quanto – não quis compartilhar.

| – Minha filha, é segredo de Estado, mas prove aí pra você ver.

 

Bolo da Índia – um clássico da Favorita.

Realmente, uma preciosidade que deve-se guardar à sete chaves por mais 66 anos. Um bolo super aromático, fofinho e com aquela umidade ímpar. Ideal para aquele lanchinho da tarde com cafezinho. E quando perguntei se ele não ia provar comigo:

| – Provo todo dia, antes de autorizar que desça pra loja. Provo tudo todo dia e se não tiver bom, faz de novo.

Saindo da Favorita no Campo Grande, peguei alí a Av. Sete de Setembro, sentido o Relógio de São Pedro, porque logo em frente desde 1975, a melhor Torta de Tapioca da capital baiana, ainda pode ser saboreada e com muito gosto.

A Savoy é uma lanchonete, e hoje também é um restaurante, que prepara do mesmo jeitinho e com mesmo sabor há 43 anos A Torta de Tapioca: bem molhadinha, com textura de um pudim, amanteigado e com um capricho só de recheio e cobertura de doce de leite e ameixas decorando. E tem história também pra contar:

Os pais de uma amiga minha, começaram o namoro dividindo uma fatia dessa torta. O Quando ele à pediu em namoro, e lá se vão 32 anos juntos, hoje casados e com os dois filhos super bem criados. E para celebrar algum momento importante, a famosa Torta da Savoy sempre está presente. 

A famosa Torta de Tapioca em fatia.

E também tem a versão individual do clássico da Lanchonete.

*A fatia bem generosa custa R$ 8,00 (valor de abril/2018)

Nessa caminhada contamos com os relatos de figuras pertencentes à este movimento na busca de imprimir todo seu lado afetivo na culinária ancestral e familiar, e que compartilham em seus pratos e respectivos menus algumas lembranças do tempo em que ficavam à beira do fogão de suas mães, ou que folheavam os caderninhos de suas avós, tias e até primas.

Sonho é um doce quitute que tem uma memória afetiva muito forte, me lembra abraço fofo apertadinho de vó, com aquele cheirinho de vó. E foi pra matar essa saudade que fui atrás dos dois sonhos mais antigos da cidade: o da Padaria e Mercadinho Paris – na Ladeira da Praça, ali na Barroquinha que é muito, mas muito antigo, com apenas seu único sabor desde então: Goiabada.

Até hoje com um único sabor de Sonho: Padaria e Mercadinho Paris – na Barroquinha.

O Sonho da Panificadora Bola Verde além de enooorme, tem uma massa super leve, úmida, fofinha e caprichado no recheio.

E o fofíssimo, macio e mega Sonho, super recheado da Panificadora Bola Verde no Dois de Julho, mais especificamente próximo ao Melhor Malassado da região – Caxixi. O sonho do Bola Verde faz sucesso há 65 anos, do mesmo jeitinho. Com massa leve e que derrete na boca, é a tradução em doçura muito afeto.

Voltando para Av. Sete: as doçuras afetivas permanecem. E me fez lembrar da minha infância, quando morava na Rua do Tororó, que saia caminhando com meu vô pelas ruas de lá: Bala de Vidro – com recheio de côco e cobertura de açúcar.

 Alfeles – aquele docinho puxa feito de melaço de cana e um toque bem sutil de gengibre; e não poderia esquecer do Quebra Queixo de coco, e muitos outros sabores do docinho, vendidos em quadradinhos enroladinhos num papel manteiga, ali na beira da rua, com o senhorzinho ou a senhoria simples, mas com um sorriso largo no rosto.

A Bala de Vidro, ou Bala de Coco como também é conhecida, pode ser encontrada sendo vendida por ambulantes no meio da calçada da Av. Sete.

Carrinho de Quebra Queixo ainda do jeitinho de antigamente.

É… ainda sou do tempo que pirulito de açúcar tinha cor de âmbar, e lembrava um guarda chuva fechadinho, enrolado no papelzinho e enfiado numa tábua, com o tio à assobiar.

 

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