Os sabores doces do Brasil
“Do cultivo da cana, do engenho e da senzala, a trajetória dos doces brasileiros praticamente começa quando nasce o País. […] Antes mesmo de termos imperador, já havíamos nos rendido a compotas, bolos e quitutes que ganharam formas e adequações locais assim que os portugueses desembarcaram em nosso litoral.”¹
São nas feiras locais e principalmente nas de interior que ainda vemos doces do Brasil Colonial: feitos à mão, no braço e no tacho que estes ainda possuem seu valor, rico em história, no qual receitas passam de geração em geração e carregam o sabor puro das raízes brasileiras.
Doce de Goiaba ou Goiabada – segundo pesquisas que fiz, surgiu para substituir a marmelada dos colonos portugueses.
Doce de Banana na Palha ou Bananada – este surge devido as bananas que já muito maduras eram descartadas pelos ‘sinhôzinhos’ e ‘sinhás’ e dadas aos escravos,que aproveitavam e produziam os melhores doces.
“…em cada região do país foram se desenvolvendo receitas típicas de acordo com o alimento que era encontrado em abundância em cada lugar. Assim, o hábito de se comer determinados tipos de doce passou a fazer parte dos costumes locais, fazendo das sobremesas parte importante da culinária brasileira.”²Doce de Leite Cremoso – ninguém sabe ao certo a origem dessa sobremesa, mas essa se deu “…à rápida expansão na produção de sacarose de cana de açúcar nas ilhas ibéricas atlânticas, no século XV, e no Brasil, América Central e Antilhas a partir do século XVI e à possibilidade de seu uso para preservação do leite.”²
Já a Ambrosia – nasce do mesmo processo inicial do doce de leite porém com adição de gema, receita vinda das freiras portuguesas que não sabiam exatamente o que fazer com esta parte do ovo, já que sobravam aos montes, quando aproveitava as claras para engomar seus hábitos. Daí, por que não usar nos doces?! Surgem então as delícias: quindim, papo de anjo, bom-bocado, pudim, manjar….A Cocada, hoje com diversas releituras (em destaque: cocada da batata do mamão), chega ao Brasil pelas mãos dos angolanos e tem sua receita base: gema, leite e coco ralado. Logo a chegar em terras brasileiras, mais precisamente na Bahia, ganha a versão com amendoim e coco queimado. Com o tempo, outras versões ganham o paladar do povo: cocada de maracujá, de abacaxi, cocada mole com brigadeiro….
E eu que acreditava que o Doce de Buriti tivesse suas raízes fincadas no Nordeste, me surpreendi quando descobri que ele nasceu no Norte. Para quem não sabe o que é Buriti, parece um coquinho de palmeiras, do gênero Mauritia Flexuosa, nativa de Trinidad e Tobago, das Regiões Central e Norte da América do Sul, especialmente de Venezuela e Brasil; pode ser encontrada também no Nordeste do País (Bahia, Ceará…), feito da polpa do fruto, com açúcar e cravinho, além de possuir uma cor característica bem chamativa num tom laranja-abóbora, lembra a cor do urucun ou dendê, ainda possui um sabor peculiar e meio azedinho. E por fim, o Doce de Pitanga – nativa da Mata Atlântica, pode ser encontrada em toda extensão brasileira e é conhecida como a fruta do azedinho doce. De origem tupi, significa vermelho-rubro. Além de muitos benefícios a saúde incluindo o combate a obesidade, a Pitanga é perfeita, por ser carnuda e aquosa, para fazer sucos, vinhos, licores, e claro sobremesas: sorvetes, doces de compota, geleias, caldas, doce de colher …O doce que fiz foi utilizando a polpa, um pouquinho de água e açúcar – deixando reduzir e engrossar. Passando em seguida pelo liquidificador pra ficar bem cremoso. “Guardamos lembranças, imagens e aromas. Quem não se perde em devaneios ao lambuzar os dedos após um naco de goiabada caseira, se vê o mais feliz dos reis ao morder sem timidez um sonho recheado com o melhor dos cremes, ou se enche de orgulho ufanista após uma saraivada de doces à base de frutas brasileiras? Seja por qual motivo for, a origem da confeitaria nacional é, antes de tudo, antropológica, histórica, elucidativa.”¹
¹Trechos retirados do artigo Uma doce história do Brasil do Jornalista Alexandre Menegale para a Revista Sabor do Brasil
²Pesquisas no Google
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