13 mar • 2015

Pra assistir: Se Eu Ficar

Relutei muito para dedicar quase duas horas do meu tempo ao longa ‘Se Eu Ficar’.

[Foto: Guia da Semana/Divulgação]

[Foto: Guia da Semana/Divulgação]

Primeiro porque tive a liberdade de ter o pré-conceito de que dramas/romances adolescentes são todos iguais (ok, quebrei a cara algumas vezes, incluindo essa), segundo porque quando lançaram em setembro no ano passado (2014) eu já tinha assistido o hit ‘A Culpa é das Estrelas’, que apesar de não ter lido o livro, vi que não perdi nada, pois não curti o filme (não me crucifiquem, vamos respeitar a diferença.), logo julguei que  Chloë Grace Moretz seria a Hazel e o Jamie Blackley seria o Gus.

Bom, em parte o filme baseado na obra de Gayle Forman chega a ser bem próximo do filme baseado no romance de John Green. Sim, são bem adolescentes, tem o casalzinho e aquela paixão toda infanto-juvenil ‘descolado’, tem todos aqueles clichês, e a história tem quase a mesma situação – a relação do casal é interrompida por questões de saúde ou médicas e morte.

[Foto: Sometimeluv.com/Divulgação]

[Foto: Sometimeluv.com/Divulgação]

Mas, tem suas diferenças que devem ser consideradas e uma delas é que: no primeiro –  ‘A Culpa é das Estrelas’ eu não derramei uma lágrima, não que o filme não tenha emoção ou porque o roteiro não foi bem feito ou porque os atores não eram bons. Nada disso, apenas não sei porque. Já ‘Se E Ficar’, eu me debulhei em lágrimas e isso nunca ocorre quando eu assisto a uma película (ok, quase não ocorre, ou pelo menos só ocorreram três vezes contando com esta.). Gente eu não sou insensível, ou não tenho o coração gelado, apenas ao assistir a um filme, apesar de prestar atenção na história e tentar entrar naquele clima, eu sou bem crítica, então eu presto atenção nas falas, procuro ao máximo ver as fotografias, edição, trilha sonora,…

[Foto: My Dear Library/Divulgação]

[Foto: My Dear Library/Divulgação]

E foi na trilha (também) que ele me ganhou. Por mais que você não entenda o que está sendo dito na letra, por mais que não faça sentido ou que não seja uma letra emocionante, a melodia de cada canção, a junção dos instrumentos te embalam numa emoção ímpar, remexendo sentimentos, aflorando cada lágrima.

Música e morte super combinam, música + morte + filme então, nem se fala. A música certa, no momento certo no filme pode ser avassalador, te transporta, te aconchega e mexe com todas as emoções escondidas no âmago do seu ser. Exatamente o que aconteceu comigo nos primeiros minutos do filme. Com as músicas de Ludwig van Beethoven, que me fez lembrar do ballet e de uma fase da minha infância em que meu pai só ouvia música clássica, daí o meu adorar; sem falar nas versões de ‘Halo’ e outras no desenrolar do longa.

Outro destaque vai para a personagem Mia, apesar de parecer uma garota de 17 anos frágil, sensível, romântica, organizadinha e perdida no mundo roqueiro de seus pais; ela [atenção contém spoiler] se mostra super intensa ao sofrer a morte de seu irmão, até então após acidente, único sobrevivente do seu núcleo familiar, ou quando ela [mais spoiler] faz sua apresentação na audição para conseguir uma vaga na Juilliard, essa cena pra mim foi putz Chloë tem um puta talento, parecia que a música encenada transbordava sua pele e abarcava sua alma.

O filme conta: a história de Mia, prodígio musicista que vive o dilema entre se dedicar integralmente à sua carreira para tão sonhada vaga na Juilliard e aquele que tem tudo para ser o amor de sua vida, Adam (Jamie Blacklye). Após sofrer um acidente de carro, ela perde sua família e fica à beira da morte. Em coma, ela reflete e aí que entra os flashbacks muito bem executados na trama, que junto com a trilha (ó ela de novo) nos faz viajar junto com a garota; sobre o passado e o futuro que ela pode ter, caso sobreviva.

[Foto: entretenhame/Divulgação]

[Foto: entretenhame/Divulgação]

Com todos os clichês esperados: Mia a garota certinha com uma família estruturada, mesmo que seus pais ex-roqueiros que abriram mão da vida louca pelos filhos, com avós presentes e dedicados, sendo o ‘gramps’ aquele que dá peso as suas decisões, a amiga Kim (Liana Liberato) que a ajuda a ser mais solta e o namorado Adam, roqueiro mas apaixonado e gracinha.

Mesmo com aquela cena típica da “siga a luz”, do esperado momento da morte, mas sabendo desde o início que ela vai sobreviver, da enfermeira que vira uma mamis dizendo que só depende dela viver ou não. É o típico filme de fazer chorar, principalmente quando conhecemos o passado das personagens, a ligação forte apesar de diferentes entre pais e filha, da amiga linda que promete juntar todos os caquinhos quando a dor bater, do avô fofo que se emociona ao ver o talento de sua neta e ao pensar na ideia de perdê-la para a morte, e claro do namorado mais velho que mesmo começando a trilhar a fama de uma estrela de rock, não abre mão do amor por ela; não tem como não se apegar e se encantar.

‘Se Eu ficar’ surpreende muito, pois mesmo sendo um longa previsto e fazer de fato o seu papel cumprindo seu objetivo, ele consegue atingir uma complexidade que vai além da sua premissa.

Vale à pena assistir de preferência numa tarde preguiçosa e sem pressa.

“A vida é uma grande e terrível bagunça. Mas é essa a beleza dela.” [Kat Hall, mãe de Mia]

Ah! E pra quem acha que música erudita não combina com rock tem que ver a cena, o violoncelo dá mais emoção:

Ficha Técnica
Título: Se Eu Ficar (If I Stay)
Ano: 2014
Direção: R.J. Cutler
Elenco: Chloë Grace Moretz, Mireille Enos, Joshua Leonard,
Jamie Blackley, Liana Liberato…
Gênero: Drama/Romance
País: EUA
Duração: 1h46min
Adaptação do livro: If I Stay – Gayle Forman
Soundtrack Album: Water Tower Music

[Foto Destaque: Divulgação]

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